Sofia Ribeiro quer ambição europeia na aplicação do acordo UE-Mercosul

A eurodeputada do PSD/Açores entende que o acordo UE-Mercosul — que representa uma área de livre comércio com mais de 250 milhões de consumidores — “tem de ser ambicioso na defesa dos agricultores europeus”.

“Não podemos aceitar a entrada e comércio de produtos de países terceiros na Europa, que não tenham as mesmas exigências de produção (ou equivalentes) às exigidas aos produtores europeus”, afirmou Sofia Ribeiro, no âmbito de um pequeno-almoço de trabalho, co-organizado por si, na qualidade de membro da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, e pela Copa-Cogeca (Entidade que representa os Agricultores e Cooperativas Europeias), a CELCAA (Entidade que representa as associações comerciais sectoriais europeias envolvidas no comércio de produtos agrícolas e agroalimentares), e ainda pelo eurodeputado Daniel Caspary, da Comissão do Comércio Internacional.

A parlamentar social democrata explicou que “os acordos comerciais no domínio da agricultura devem satisfazer certos critérios” como a “segurança alimentar dos produtos que entram na União Europeia”, bem como as “condições de equidade em relação ao seu modo de produção, bem-estar animal, obrigações sociais, sustentabilidade ambiental, entre outros, protegendo os agricultores europeus da concorrência desleal”.

“A rastreabilidade e a rotulagem dos produtos, que entram na Europa, ao longo de todo o seu ciclo de vida, é fundamental e é importante salvaguardar neste acordo. Temos de saber o que estamos a comer, de onde vem e como foi produzido”, acrescentou.

O acordo UE-Mercosul já teve vários ciclos de negociações, tendo no seu início em 1999, interrompido em 2004 e retomado em 2010. No entanto, no último ano ocorreram avanços significativos nas negociações, esperando-se que o mesmo esteja finalizado ainda durante 2017.

Num debate, em que se falou dos sectores mais importantes e afetados por este acordo, nomeadamente do leite, da carne, das frutas e vegetais, do vinho, do açúcar e do milho, Sofia Ribeiro, afirmou que “é essencial proteger os sectores sensíveis europeus, como o sector do leite e da carne”, tendo acrescentado que “se, para os produtos lácteos, este acordo pode ser uma oportunidade, no caso da carne, é claramente uma ameaça”.

A deputada açoriana afirmou ainda que “a proteção das Denominações de Origem Protegida (DOP) e das Indicações Geográficas Protegidas (IGP) europeias deve ser assegurada evitando a falsificação, contrabando, e cópias das marcas europeias” que levam “o consumidor ao engano”.

Esta iniciativa contou ainda com a presença de vários responsáveis de empresas do sector agroalimentar, organizações de produtores e diversos eurodeputados, dos quais se destaca a vice-presidente do Parlamento Europeu, Mairead McGuiness.

“A agricultura não pode ser sempre o parente pobre dos acordos comerciais, não pode ser o elo mais fraco. Não podemos continuar a usar este setor como moeda de troca para alcançar boas negociações noutras áreas. Este acordo tem de ser ambicioso na defesa dos agricultores europeus e especialmente dos agricultores de regiões como a minha, os Açores, nas quais, as decisões europeias têm sempre um enorme impacto”, finalizou Sofia Ribeiro.

 

 

 

 

Foto: GSR

GESR/+central

 

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