Praia da Vitória tem viabilidade técnica e económica como plataforma logística internacional

 

Um estudo encomendado pela Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), e hoje revelado, defende que há viabilidade económica e técnica para a criação de uma plataforma logística internacional no Porto da Praia da Vitória, nos Açores.

“É viável não só economicamente, como tecnicamente. A baía tem uma posição geoestratégica fantástica, tecnicamente acolhe muito bem este tipo de função e de obra, o investimento é verdadeiramente baixo, muito interessante para criar um ‘hub’ muito competitivo”, adiantou, em declarações aos jornalistas, Ricardo Félix, presidente da Logistema – que desenvolveu o projeto -, à margem de uma conferência, organizada pela CCAH, na Praia da Vitória.

Há mais de uma década que a empresa Logistema, contratada pela Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, estuda as potencialidades do Porto da Praia da Vitória, primeiro como terminal de cargas a nível regional e, desde 2011, como ‘hub’ internacional.

O objetivo é ter na ilha Terceira, nos Açores, um ponto de carga e descarga de mercadorias, por via marítima, permitindo encurtar as distâncias percorridas pelos navios que cruzam o Atlântico, entre a Europa e a América, e garantir a fiabilidade do tempo de trânsito.

Concluídos os estudos geotécnicos e físicos, Ricardo Félix garantiu que não só “há viabilidade técnica e económica”, como o porto se apresenta atrativo, em comparação com outras soluções existentes atualmente no mercado.

Segundo o presidente da Logistema, o projeto prevê um investimento na ordem dos 200 milhões de euros, com possibilidade de acesso a fundos comunitários, quando o normal num porto deste género é o investimento ser superior a 300 milhões de euros.

“Este é um porto barato, não só na construção, como na manutenção, porque não tem necessidade de grandes dragagens”, apontou.

A ideia, defendida há vários anos, ainda não saiu do papel, mas Sandro Paim, presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, disse, na conferência, que já contactou vários armadores e investidos que se mostraram interessados no projeto.

“Sendo aberto um concurso público [para concessão da gestão do Porto da Praia da Vitória] que tenha em conta o modelo apresentado, no mínimo irão aparecer dois a três investidores interessados a explorar esta vertente por 30 anos”, salientou.

O único obstáculo à criação da plataforma logística na Praia da Vitória, na opinião do presidente da Logistema, é o facto de ser “a base de serviço de novo”.

“Vai exigir um esforço grande, quer do ponto de vista da formação das pessoas, quer do ponto de vista do desenvolvimento das condições objetivas para acolher este investimento, mas os Açores, neste momento, têm todas as condições para o poder fazer”, frisou.

Ricardo Félix considerou, ainda, que “os Açores não dispõem, em mais nenhuma outra ilha, nem em nenhuma outra localização, das condições que permitem fazer este terminal”.

Mais do que a criação de 300 postos de trabalho diretos qualificados, previstos no projeto, a principal mais-valia deste ‘hub’ logístico reside, segundo Ricardo Félix, no aumento de frequências de navios de carga e na conectividade dos Açores com portos internacionais.

“O que procuramos é através deste terminal criar serviços que permitam puxar pelo desenvolvimento económico dos Açores”, salientou.

Segundo Ricardo Félix, o projeto prevê que o Porto da Praia da Vitória possa receber navios até 14 mil TEUs (unidade equivalente a 20 pés), mas deverá ser mais atrativo aos de 4 mil TEUs, permitindo uma maior taxa de ocupação, com descarga num único porto.

A “Conferência do Mar”, organizada pela Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, discute ao longo do dia de hoje as potencialidades da baía da Praia da Vitória, incluindo ainda a criação de um entreposto de gás natural liquefeito (GNL) e de um cais de cruzeiros.

 

 

 

 

Foto: Direitos Reservados

Lusa/+central

 

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