Opinião de Joaquim Cerejeira, psiquiatra e presidente da Associação Cérebro & Mente
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) acaba de divulgar que Portugal tem 19,9 casos de demência por mil habitantes, um valor superior à média dos 35 países avaliados (14,8 por mil habitantes). O país onde se verificou mais casos foi o Japão (23,3 por mil habitantes) seguido da Itália, Alemanha e Portugal.
A demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, constituindo cerca de 50% a 70% de todos os casos.
Os sintomas iniciais de demência incluem perda de memória frequente e progressiva; confusão; alterações da personalidade; apatia e isolamento; e perda de capacidade para a execução das tarefas diárias. Com o agravamento da doença verifica-se agitação, comportamento motor aberrante, ansiedade, exaltação, irritabilidade, depressão, delírios, alucinações e alterações do sono ou do apetite.
De acordo com um estudo publicado recentemente na revista Lancet, existem nove fatores que contribuem para o risco de demência: perda de audição na meia idade, falta de investimento na educação ao longo da vida, fumar, não procurar tratamento precoce para a depressão, inatividade física, isolamento social, pressão arterial alta, obesidade e diabetes tipo 2.
Os investigadores concluíram que fazer algumas mudanças positivas nesses fatores de risco, como redução do tabagismo, manutenção do envolvimento social e prática de exercício físico, pode ter o potencial de atrasar ou prevenir um terço dos casos de demência.
Se nada for feito em termos de prevenção, estima-se que para 2037, a prevalência da demência deverá aumentar para os 32,5 por mil habitantes, de acordo com a OCDE.
A Associação Cérebro & Mente tem como principal objetivo promover a saúde mental na população.