O coordenador regional do Partido Comunista Português (PCP) nos Açores criticou hoje a “enorme falta de articulação e comunicação” entre o Governo Regional e Governo da República nas questões prementes da Base das Lajes, entendendo que disso resulta “um grave prejuízo para a Região”.
Na conferência de imprensa de apresentação das principais conclusões da reunião da Direção Regional do PCP Açores (DORAA), Vítor Silva recordou que as recentes declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros e do ministro do Ambiente, contrariando o que afirmava o Governo Regional, “provam essa desarticulação”.
“A situação atual — na Base das Lajes — resulta da subserviência permanente e continuada dos representantes do Estado Português perante os EUA, uma atitude que tem resultado em prejuízos e problemas para os trabalhadores da Base, para o concelho da Praia da Vitória, para a ilha Terceira e para a Região”, afirmou o dirigente, em Ponta Delgada.
Sobre a descontaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, Vítor Silva entende que “o que tem existido são apenas anúncios públicos das autoridades portuguesas e norte-americanas, que não têm tido qualquer sequência na prática”, acrescentando que, segundo as notícias que vieram a público da mais recente reunião da Comissão Bilateral, “parecem, infelizmente, confirmar que vai continuar a ser essa a política em relação ao grave passivo ambiental que a Base deixou na ilha Terceira”.
Em relação às necessárias medidas de revitalização da economia da ilha Terceira, o PCP lamenta que a parte que cabe aos EUA pareça “estar destinada a ficar sem qualquer concretização”.
“A mais importante medida de apoio às populações, que é a majoração dos prazos e valores dos apoios sociais, que resultou de uma proposta do PCP, continua por ser efectivamente aplicada”, salienta o coordenador regional.
Ainda sobre a Base das Lajes, o PCP informou que dará particular atenção à situação dos moradores do Bairro de Santa Rita, que “vivem numa angústia permanente”, pela “falta de informação, podendo estar sujeitos a processos de despejo a qualquer momento, perdendo as suas habitações e todos os investimentos que nelas realizaram”.
Sobre a redução do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego dos Açores, os comunistas açorianos sublinham que este “não decorre principalmente das políticas seguidas pelo Governo Regional, mas sim e em primeiro lugar do contexto nacional, bem como de outros fatores, como o desenvolvimento do setor do turismo”.
“Numa análise mais detalhada da situação, verifica-se que grande parte do emprego criado é precário, com baixas remunerações, a tempo parcial, acrescentando assim mais pessoas ao subemprego que grassa na Região”, referem, registando como “um sinal extremamente negativo” a rejeição, pela maioria que suporta o Governo Regional, da proposta do PCP para combater a precariedade na Administração Pública, o que no entender destes “contraria as suas próprias promessas eleitorais na Região”.
No que diz respeito às eleições autárquicas, a DORAA do PCP sublinha a “importância do esclarecimento aos eleitores sobre a verdadeira natureza destas eleições, destinadas a eleger órgãos colegiais e não apenas figuras singulares”.
“Não se tratam de eleições para Presidentes de Câmara ou de Junta, como os dois maiores partidos se esforçam por fazer passar”, realçam, apontando o exemplo das autarquias geridas pela CDU, “que se destacam das restantes pela sua capacidade em desenvolverem os seus concelhos e freguesias e resolverem efectivamente problemas reais das populações”.
GI CDU/+central