Oposição critica e condena rumo das políticas socialistas de combate à pobreza nos Açores

Os deputados dos partidos da oposição no parlamento dos Açores criticaram e condenaram hoje o rumo das políticas regionais de combate à pobreza implementadas pelo Governo Regional.

Durante uma interpelação sobre a Estratégia de Combate à Pobreza e Exclusão Social para a década 2018-2028, apresentada pela representação parlamentar do PPM/Açores, Paulo Estêvão referiu que urge uma “revolução de políticas” na Região, que permita combater o flagelo em que vivem muitas famílias na região, vítimas da “indiferença e do preconceito absurdo” de muitas pessoas.

“Do que falo é de uma revolução nas mentalidades e nas prioridades da governação” disse o parlamentar monárquico, lamentando que o atual executivo socialista açoriano não tenha tido capacidade para resolver o problema da pobreza.

Paulo Estevão lembrou que os dados estatísticos sobre a situação social dos Açores são “arrepiantes”, dando como exemplo a esperança de vida mais baixa do país (77 anos), a mais alta taxa de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (7,5% da população) ou as taxas de retenção e desistência no ensino regular, superiores ao resto do país.

“Os dados estatísticos são péssimos. O Governo Regional tem, obrigatoriamente, de assumir responsabilidades e de fazer uma autocrítica ao seu desempenho nos últimos 21 anos”, insistiu o deputado.

No entender do executivo açoriano,  os dados estatísticos realçam melhorias, tais como o aumento do rendimento das famílias na Região ou na redução da taxa de desemprego, que é agora uma das mais baixas do país.

A secretária regional da Solidariedade Social, Andreia Cardoso, realçou também a importância da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e à Exclusão Social que o Governo pretende implementar na região ao longo dos próximos dez anos.

O próprio presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, referiu no debate que o caráter científico e estrutural da estratégia apresentada validam e credibilizam esta intenção.

Para o maior partido da oposição açoriana, o Governo Regional podia ter feito muito mais nesta área, recordando que já apresentou um conjunto de propostas no sentido de ajudar a combater a pobreza no arquipélago, que foram, porém, chumbadas pela bancada da maioria socialista que suporta o Governo.

“A situação social dos Açores é o resultado de um governo que não governa para resolver os problemas da população, mas vive antes preocupado com a sua sobrevivência política”, lamentou a deputada Mónica Seidi.

Também Artur Lima, do CDS-PP, criticou a “falta de estratégia e de ação” do Governo Regional no combate à pobreza na região, recordando que os anteriores executivos do PS também se propuseram combater este flagelo, com medidas idênticas às que o governo de Vasco Cordeiro agora apresenta.

“Estas medidas que os senhores agora propõem estão condenadas ao fracasso”, sublinhou o dirigente centrista, que acusa o executivo de Vasco Cordeiro de “reciclar” propostas do passado, e de não ter “capacidade” nem “vontade” de resolver o problema.

Pelo PS, José San Bento manifestou o seu “orgulho” nas medidas adotadas pelos governos socialistas na região, de combate à pobreza, recordando que os números até podiam ser melhores, se não tivesse existido o Governo de Passos Coelho.

“Os números da pobreza nos Açores não representam nenhum falhanço da governação do PS. Eles traduzem sim a calamidade que foi o Governo de Passos Coelho a nível nacional”, lembrou o parlamentar socialista, recordando que muitas das medidas aplicadas na região, nessa altura, se destinavam a minimizar o impacto das restrições impostas pela República.

Os partidos mais à esquerda, preocuparam-se, por outro lado, em desmontar a argumentação socialista, com António Lima, do Bloco de Esquerda, a destacar que o desemprego nos Açores não diminuiu, ao contrário do que revelam as estatísticas, porque os desempregados apenas “transitaram” para os programas ocupacionais.

Já João Corvelo, do PCP, lembra que o PS tem chumbado várias propostas apresentadas pelo seu partido, que poderiam ajudar a combater a pobreza, como é o caso do aumento do acréscimo regional ao salário mínimo, ou do aumento das pensões, considerando que já é tempo de se acabar com o “faz de conta no combate à pobreza e à exclusão social” nos Açores.

 

 

 

 

Foto: JEdgardo Vieira

Lusa/+central

 

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