O presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo mostrou-se hoje preocupado com a “mediatização” do tema da contaminação de solos e aquíferos na ilha Terceira, temendo pelo retorno negativo que a mesma pode trazer.
“Aconteceu aquilo que muitos de nós já prevíamos que é isto saltar para a ribalta das notícias e entrar nos grandes debates geoestratégicos”, afirmou Álamo Meneses na reunião de hoje da Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo.
O autarca considera o assunto “verdadeiramente preocupante”, e uma das situações “mais perigosas” para a economia da ilha Terceira, “que terão acontecido nos últimos tempos”.
“É preciso estarmos conscientes da gravidade do que está a acontecer e do seu impacto”, referiu temendo que a tendência de crescimento da questão a nível noticioso internacional.
Álamo Meneses entende que, perante o sucedido, urge um esclarecimento por parte das entidades que estão diretamente envolvidas no assunto.
“Acho aberrante que uma entidade diga que tem um relatório sobre um assunto destes e que o mesmo é confidencial. Não consigo perceber onde estão as questões de segurança militar num relatório que tem a ver com derrames de combustível e outras questões do género”, salientou o edil.
O presidente do município terceirense considera que a crise que agora se vive, sobre a contaminação, resulta da “má condução” deste processo de descontaminação, apontando a falta de transparência e de abertura, relativamente às matérias da contaminação, como causas da mistificação do sucedido.
Também o grupo municipal do PSD entende que a divulgação a nível mundial da ilha Terceira como “paraíso tóxico” em nada abona o desenvolvimento socioeconómico.
“Angra do Heroísmo, e a ilha Terceira, têm de ter medidas que possam garantir, a quem cá vive e a quem nos visita, que os nossos produtos não estão afetados por este problema ambiental que temos”, afirmou o deputado municipal Luís Rendeiro.
O social democrata entende que “há que apelar a alguma calma, porque têm havido posições extremadas sobre o assunto que não se justificam, e que podem trazer prejuízos grandes, que ninguém deseja, para a economia da ilha”.
No entanto, Luís Rendeiro realçou que toda a atual situação apresenta, porém, uma vantagem, que é o facto “de despertar as consciências das pessoas para este assunto, que tem de ser tratado e não pode ser escondido debaixo do tapete. Mas tudo deve ser feito de uma forma séria, com equilíbrio e com meios mais técnicos e menos mediáticos”.
Foto: JEdgardo Vieira
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