
Ao longo deste mandato tenho defendido persistentemente a importância de investirmos nas relações transatlânticas, matéria de extrema relevância para Portugal e, em especial, para os Açores, investimento esse que assume uma nova dimensão face aos movimentos proteccionistas que grassam dos dois lados do Atlântico.
Abstenho-me, nesta crónica, de me cingir a invocar os benefícios económico-sociais da celebração de acordos comerciais abrangentes que regulem não apenas a comercialização de bens, como o investimento ao nível de serviços e consequente alavancagem das oportunidades para os cidadãos, inclusivé ao nível da formação e do emprego. Não podemos descurar que as relações transatlânticas têm servido de exemplo para a construção do Mundo desenvolvido, assente na protecção dos direitos fundamentais dos cidadãos. A plataforma Europa/América do Norte cria patamares de exigência acrescida quanto aos direitos laborais, de assistência na saúde, de investimento na educação e de protecção ambiental, sem paralelo no resto do nosso globo. Não podemos, por isso, descurar tal parceria, sob pena de nos associarmos, ainda que de formas menos perceptíveis, a movimentos que baixem os nossos padrões de exigência quanto a tais valores fundamentais.
Defendendo que as políticas são mais eficazes se envolverem directamente os cidadãos a que se destinam, o meu Gabinete desenvolveu uma dinâmica de trabalho destinada à nossa diáspora, com uma mensagem muito simples, estimulando a ligação das gerações de descendentes de emigrantes com as suas raízes na nossa Região e no nosso País. Construímos um manual com as “Oportunidades Europeias para os Emigrantes nos EUA e Canadá”, das quais podem beneficiar se adquirirem a cidadania Portuguesa, o que implica que se tornem automaticamente cidadãos Europeus.
Tendo já apresentado, em Setembro de 2017, este manual junto da nossa comunidade em Toronto, na passada semana fi-lo nos EUA, de costa a costa, tendo estado nos Estados de Massachusetts e Califórnia. Mas se a mensagem que levámos foi muito bem recebida e despertou a curiosidade dos seus destinatários para com o nosso (velhinho) Continente, o acolhimento que nos foi dado e o amor pela nossa terra que nos foi demonstrado fazem-me ter esperança no desenvolvimento de laços que não se quedam nas primeiras gerações, sendo que os seus descendentes já começam a ver o nosso País com um olhar atento, valorizando-o em busca de oportunidades.
Numa altura em que, fruto do desenvolvimento do turismo, muitos Americanos não Portugueses vêm aos Açores e levam a curiosidade de, ao regressarem à América, adquirirem saudosamente os nossos produtos, como constatei no “Portugália Marketplace”, em Fall River, temos uma nova janela de oportunidades que projectam a nossa comunidade emigrante também no seu meio Americano. E fazem-no com orgulho!
Os nossos Emigrantes não estão longe. Acompanham as nossas notícias ao pormenor, querem saber com cuidado quais são as nossas perspectivas sobre os Açores, Portugal, a Europa e o Mundo. Faço votos para que se dê continuidade ao trabalho desenvolvido, pioneiro, aproximando o Parlamento Europeu da nossa comunidade nos Estados Unidos e Canadá, valorizando a essência de um modelo transatlântico de desenvolvimento que se centre nos seus cidadãos.