Leite dos Açores: Federação admite redução de efetivo bovino para acabar com excessos de produção

O presidente da Federação Agrícola dos Açores (FAA) admite, como garantia da valorização do preço do leite pago ao produtor, a redução do efetivo bovino na Região como forma de acabar com os excessos de produção.

“Se não conseguirmos uma valorização do nosso produto e subirmos o preço do leite devemos avançar com uma estratégia regional de abate de vacas, de forma facultativa, com uma comparticipação aos produtores. É preciso acabar com o paradigma das indústrias dizerem que existe leite a mais”, afirmou Jorge Rita em entrevista ao jornal Açoriano Oriental deste domingo.

Segundo o dirigente agrícola, “se produzirmos menos as indústrias vão valorizar o nosso leite”, o que permitirá “reduzir a importação de alimentos e, provavelmente, as indústrias vão começar a representar a sua comercialização”.

Jorge Rita dá o exemplo da Holanda, que reduziu 250 mil vacas, com o objetivo de promover uma subida do preço do leite.

“Isto foi alcançado e a Holanda conseguiu valorizar o preço do leite. Está a ser pago a 38 cêntimos por litro aos produtores, enquanto na Região a média ronda os 29,5 cêntimos”, sublinha.

O empresário mostra-se bastante critico sobre aquela que tem sido a atuação do executivo açoriano no setor.

“Enquanto não existir uma estratégia regional no setor leiteiro, o governo que apoia as indústrias e os transportes, não pode nos momentos decisivos sacudir a água do capote e fugir às suas responsabilidades”, critica, acrescentando que “não basta dizer que tem verbas para as indústrias e campanhas de marketing”.

Para Jorge Rita, “já deveria haver um acordo das indústrias, pelo menos no leite UHT, para estabelecer um preço mínimo de venda ao público”, salientando que “o consumidor não está a exigir diminuições do preço do leite, porque sabe que o preço do litro de leite está barato”.

“Isto para a classe política é excelente, porque os consumidores apenas se queixam dos combustíveis e de outros bens, porque a alimentação apresenta preços muito baratos. Se as pessoas estão tranquilas com a alimentação é porque sabem que consomem com qualidade e a baixo preço. Só que os agricultores não são devidamente recompensados pelo seu trabalho e rendimento”, realça, enfatizando que os Governos regional e da República “precisam de ter capacidade para sentar todas as entidades para inverter esta situação”.

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