O presidente da Federação Agrícola dos Açores (FAA) e vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alerta que “não vai existir turismo sem a agricultura nos Açores”.
Em entrevista publicada na edição de hoje do jornal Açoriano Oriental, Jorge Rita refere que “a falência do setor agrícola nos Açores será a falência da economia da própria Região. Não podemos pensar que o turismo será a salvação, porque não vai existir turismo sem a agricultura nos Açores”.
“O trabalho dos agricultores contribui muito para a beleza natural dos Açores. Nós temos vacas felizes e lavradores tristes, devido ao baixo rendimento do leite, mas somos muito apaixonados e vamos continuar de forma resiliente a trabalhar com muita paixão”, afirma o empresário agrícola.
No entender do líder dos agricultores açorianos, “a diferenciação do nosso turismo é feita pela nossa natureza e pela nossa produção”. Jorge Rita acredita que “o contato dos turistas com os lavradores contribui para deixar uma boa imagem da Região”.
“Esta paixão ajuda a cativar os turistas que gostam de falar com os lavradores e fotografar as vacas nas pastagens”, realça.
Sobre as políticas agrícolas europeias, o presidente da FAA pretende “continuar a desafiar a União Europeia para promover uma política de coesão social”.
“É preciso saber quanto custa a falência da lavoura nos Açores em termos sociais e económicos. Esta situação poderá ser evitada com a atribuição de pequenas ajudas, comparada com os apoios da Europa a países que nem pertencem à União Europeia”, salienta.
Sobre a revisão da Política Agrícola Comum (PAC) e a saída do Reino Unido da União Europeia, Jorge Rita está consciente que existirão menos verbas disponíveis, esperando que haja coerência política na sua distribuição.
“Nós já fizemos muitos diagnósticos e agora precisamos de soluções, como referiu o presidente do Governo dos Açores, durante o Fórum das Regiões Ultraperiféricas” refere embora lamente que “infelizmente, as soluções tardam em aparecer na União Europeia”.
O empresário agrícola realça que “ninguém deve esperar que as Regiões Ultraperiféricas aceitem uma redução do apoio com saída do Reino Unido. Será muito mais fácil retirar verbas aos países mais ricos da Europa, porque para as Regiões Ultraperiféricas estas penalizações podem representar um corte drástico para estas pequenas regiões”
Sobre as políticas agrícolas da República, o vice-presidente da CAP refere que “nenhuma das medidas prometidas foi cumprida”.
“Não conheço o esforço nacional para garantir o reforço do POSEI. Apenas conheço o esforço efetuado a nível regional, mas esse é um compromisso que não nos vamos esquecer”, afirma.
Jorge Rita revela que a promoção dos produtos açorianos está a ser desenvolvida pela Associação Agrícola de São Miguel com as indústrias, porque existe uma grande desarticulação do alvo preferencial na promoção dos nossos produtos.
“Agora existe uma boa articulação para garantirmos a nossa promoção em mercados escolhidos pelas nossas indústrias. Esses mercados podem ajudar a valorizar os nossos produtos, mas esta situação não está relacionada com o Governo da República”, refere.
Sobre os pagamentos à Segurança Social, o dirigente afirma que existe a necessidade de uma solução para esses problemas.. acrescentando que “esta foi uma promessa de António Costa em campanha eleitoral. Disse que era uma situação fácil de resolver e espero que se resolva”.
“A partir de 2011 os jovens agricultores estão a pagar quantias exorbitantes de Segurança Social. O Governo da República deve resolver este problema” e afirma que “espera uma atitude mais proativa do novo secretário regional da Agricultura”.
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