Instituto Açoriano de Cultura assinala passagem de Fernando Pessoa pela Terceira

No próximo dia 8 de maio, pelas 18h30, o Instituto Açoriano de Cultura (IAC) assinala a passagem do jovem poeta Fernando Pessoa por Angra do Heroísmo, com uma palestra pelo Professor Fernando Cabral Martins, um dos especialistas da obra do poeta, tendo coordenado o Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português.

Fernando Pessoa (1888-1935) é um dos grandes nomes da literatura mundial e um dos mais relevantes poetas de língua portuguesa. Num dos poucos livros que quis publicar em vida, A Mensagem, pode ler-se Que voz vem no som das ondas / Que não é a voz do mar.

O mar ocupa um lugar importante na obra do poeta. E dentro dele, as ilhas. Num outro poema, de redação anterior, encontramos estes versos: Não é com ilhas do fim do mundo, / Nem com palmares de sonho ou não, / Que cura a alma seu mal profundo, / Que o bem nos entra no coração. / É em nós que é tudo. É ali, ali, / Que a vida é jovem e o amor sorri.

Curiosamente, este poeta das grandes deambulações e circum-navegações interiores foi, grosso modo, um sedentário. Não porque passasse o tempo sentado, pois gostava imenso de calcorrear as ruas de Lisboa, mas porque viajou pouco. “As viagens de Fernando Pessoa tiveram quase sempre a ver com a família. Por sua iniciativa raramente as efectuou.” Ele que foi, também, um menino de sua mãe.

Talvez por isso, são poucos os que sabem das suas profundas ligações aos Açores, mais particularmente a Angra do Heroísmo.
Lisboa foi, de facto, a cidade. Nela nasceu e viveu grande parte da vida. Elegeu-a e cantou-a de diferentes maneiras. Durban, na África do Sul, onde passou nove anos da sua existência, o lugar onde se formou e que lhe abriu portas para o inglês, a língua em que pensava e com que redigiu prosa e alguma poesia. Lisboa e Durban são, por isso, cidades Pessoa. E Angra do Heroísmo, por onde passou há 115 anos.

Angra é também uma cidade do poeta, porque é a cidade natal da sua mãe, Maria Madalena Pinheiro Nogueira, que ali nasceu a 30 de dezembro de 1861. Angra é o lugar dos Açores onde esteve e que o influenciou, por via da família materna. Por ela passeou o jovem Fernando António Nogueira Pessoa, aos 13 anos.

No dia 2 de maio de 1902 embarca, com a família, para a Ilha Terceira, onde permanece nove dias (de 7 a 16 de maio). Aloja-se na casa da tia Anica, do tio João e dos primos Mário e Maria. Pessoa elabora três números de um jornal de brincadeira, “A Palavra”, com o poema Quando Ela Passa (assinado por “Dr. Pancrácio”), charadas e a história de um naufrágio provocado por um ciclone, presumivelmente inspirada pelo mau tempo que assolou os Açores nessa altura; o primo Mário aparece designado como “Redactor”.

Meses depois, já em Lisboa, publica, em “O Imparcial”, o poema Quando a dor me amargurar, datado de 31 de março desse ano.
Para assinalar essa visita à família e para destacar a relevância de Angra e dos Açores na obra do poeta, o Professor Fernando Cabral Martins, especialista da obra pessoana, abordará as “Relações Açorianas de Fernando Pessoa” e será editada uma pequena obra de arte, numa edição numerada e assinada de 115 exemplares, da autoria de Adolfo Mendonça.

Para esta iniciativa, o IAC contou com os apoios da Direção Regional da Cultura e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

 

 

 

 

 

Foto: Cartaz

IAC/+central

 

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