Da promessa à efetiva criação do Plano Nacional para as demências — Opinião de José Carreira*

A Alzheimer Portugal há muito que tem vindo a defender um Plano Nacional para que as pessoas com demência e as suas famílias possam ter acesso a um acompanhamento e cuidados específicos de qualidade, em condições de equidade.

Segundo dados recentes divulgados pela Organização Mundial de Saúde, estima-se que até 2050, o número de casos de demência venham a triplicar. A nível mundial cerca de 47.5 milhões de pessoas sofrem de demência atualmente, dos quais entre 180 a 200 mil são portugueses. É urgente que as altas patentes apresentem soluções que possam responder com a maior eficácia possível a uma realidade cada vez mais presente na nossa sociedade.

Por entre as recomendações nomeadas na proposta das “Bases para a definição de Políticas Públicas na área das Demências”[i], salientamos, pela sua importância, a primeira: “Que possa ser definida como prioridade nacional a elaboração de um Plano para as Demências em Portugal. Este Plano deverá definir e operacionalizar percursos adequados de cuidados, contemplando como eixos fundamentais a melhoria da qualidade de vida das pessoas com demência e a dos seus cuidadores, a investigação pertinente nas áreas relacionadas com as demências, e a criação de um quadro jurídico definidor dos direitos das pessoas em situação de incapacidade (como é o caso de muitas pessoas com demência), incluindo o enquadramento legal dos cuidados, das intervenções e da investigação”.

Importa enfatizar que o tempo das pessoas e respetivas famílias já afetadas pelo problema que é a demência nem sempre é compatível com os tempos demorados da decisão política. No entanto, a inexistência presente de um Plano não poderá ser razão para não se investir na melhoria possível e continuada dos cuidados já existentes. Decerto, um trabalho continuado neste sentido seria uma “ponte” para a futura conceção do Plano propriamente dito.

Com o principal objetivo de garantir melhor qualidade de vida aos cidadãos afetados por esta doença, manter-nos-emos focados na urgência do reconhecimento, pelos decisores políticos, das demências e da Doença de Alzheimer como uma prioridade a ser incluída nas políticas de saúde e de segurança social a serem implementadas. Tudo faremos para que o Plano Nacional para as Demências seja uma realidade e não apenas um desejo que tarda a ser concretizado.

 

*Presidente da Associação Alzheimer Portugal

 

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