BE denuncia utilização de dinheiros públicos para salvaguarda de interesses privados

Os deputados do Bloco de Esquerda acusam o Governo Regional de ter comprado a SINAGA apenas com o objetivo de salvar os acionistas privados – anteriores donos – das dívidas da empresa, recorrendo ao dinheiro público de todos os açorianos.

Agora, perante a decisão do Governo de acabar com a produção de açúcar, António Lima, considera que o fundamental é “garantir que todos os direitos dos trabalhadores vão ser respeitados”.

“Viabilizar a empresa e salvar os postos de trabalho”, foram os objetivos anunciados pelo Governo aquando da compra da empresa, há sete anos atrás, mas “nenhum foi cumprido”, assinala o deputado do Bloco de Esquerda,

António Lima recorda que, desde que a Região comprou a SINAGA, não só não foi elaborado um plano de viabilização, nem foi feito qualquer investimento na modernização da fábrica, estranhando que o passivo da empresa tenha aumentado de 13 para mais de 25 milhões de euros.

O parlamentar considera que fica claro, agora, que o Governo “não teve qualquer intenção de salvar a fábrica e esta atividade económica – produção de açúcar e de beterraba -, o Governo quis apenas salvar os donos da empresa”.

“É fundamental clarificar, com legislação, que os direitos dos trabalhadores são assegurados, que não haverá qualquer perda de direitos, e que fique definido quem é que paga os seus salários”, disse António Lima, após reunião com os representantes dos trabalhadores da fábrica.

O BE critica a forma como o processo está a ser gerido pelo secretário regional da Agricultura e Floresta, no que diz respeito aos trabalhadores, uma vez que “não há pormenores sobre como vai ser feita a transição de cerca de 40 trabalhadores da fábrica para a administração pública regional”.

“Quais os critérios? Ao abrigo de que legislação? De que forma vão ser garantidos os seus direitos? Quem vai pagar os salários?”, são questões deixadas por António Lima, para as quais o Governo Regional ainda não tem resposta.

Quanto à solução de suspender a produção de açúcar, mantendo apenas o empacotamento de açúcar importado, o BE considera que “não garante a viabilidade da empresa, e parece uma solução transitória, que levanta ainda mais dúvidas e receios no que concerne aos postos de trabalho”.

“O cenário é muito preocupante, e não deixa grandes esperanças em relação ao futuro da fábrica e deixa muitas dúvidas em relação ao futuro dos trabalhadores”, lamenta António Lima.

 

 

 

 

Foto: BE Açores

GI BE/+central

 

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