O Bloco de Esquerda (BE) Açores desconfia que a reforma do modelo de transporte marítimo de mercadoria, anunciado há dias por Vasco Cordeiro, significa a privatização e liberalização total deste serviço. Uma situação que, no entender do BE, irá causar “muitos prejuízos” em todas as ilhas, mas em particular nas ilhas mais pequenas.
“Se assim for, alguns continuarão a meter dinheiro ao bolso e a maioria da população, sobretudo nas lhas mais pequenas, perderá os seus direitos no abastecimento de produtos de primeira necessidade”, disse Zuraida Soares.
De visita a Santa Maria, Zuraida Soares considerou inaceitável a situação a que se chegou na ilha no que diz respeito ao transporte de mercadorias, tendo em conta que há cerca de um mês e meio que o navio que abastece a ilha – o Baía dos Anjos – está com uma avaria, sem que tenha sido encontrada uma alternativa.
“Como tivemos oportunidade de ver com os nossos próprios olhos, já começam a faltar produtos de primeira necessidade. Um mês e meio sem cumprimento das obrigações de serviço público no abastecimento de mercadorias é muito tempo”, disse Zuraida Soares, que acusou o Governo Regional de nada fazer para obrigar a empresa privada, que recebe dinheiros públicos para prestar este serviço, a encontrar uma solução.
“Não sabemos quando é que a situação será resolvida, mas uma coisa é certa: os açorianos e as açorianas estão a pagar este serviço público que não está a ser prestado”, disse a coordenadora do BE.
O navio Baía dos Anjos está neste momento em doca seca, no porto de Angra do Heroísmo.
Carlos Oliveira, o independente que concorre pelo BE em Santa Maria, lamenta “o esquecimento a que os pequenos comerciantes têm sido votados desde que o navio desapareceu” e pergunta ao Governo Regional até quando é que “os marienses vão continuar a ser prejudicados e a ver as prateleiras dos mini-mercados vazias?”
O dia de campanha do BE em Santa Maria contou com uma visita à zona habitacional do Aeroporto, durante a qual Zuraida Soares acusou o Governo Regional de falta de sensibilidade social, dando como exemplo a situação de uma doente oncológica que vive há dois anos numa casa com telhas de amianto.
Carlos Oliveira salientou que “o BE continua a defender uma política de habitação social mais justa, ao contrário do Governo Regional, que prometeu casas a baixo custo, mas, neste momento, demonstra mais interesses imobiliários do que sociais”, uma vez que está a fazer leilões com casas que deviam ser recuperadas para habitação social.
Foto: BE Açores
GI BE/+central