Artur Lima acusa: “inação do Governo” inviabilizou vinda da Delta Airlines para a Terceira

O presidente do grupo parlamentar do CDS-PP Açores garantiu hoje “não ter dúvidas” que a inação do governo Regional inviabilizou a vinda dos voos da companhia Delta Airlines para a ilha Terceira.

“Não tenho dúvidas nenhumas de que foi por inação do Governo dos Açores que esses voos não vieram para a ilha Terceira”, afirmou Artur Lima, para quem a vinda chegada da companhia aérea à região se deve ao acordo da base das Lajes e a eventuais compensações que terão sido acordadas, mas não reveladas.

O líder regional centrista disse, na sede do parlamento dos Açores, que atualmente “não há mercado” em Ponta Delgada que justifique uma operação semanal da Delta Air Lines entre os Estados Unidos e os Açores, como a que está a ser preparada para arrancar nos próximos meses.

“Não há mercado para um voo comercial de 1 000 pessoas por semana para Ponta Delgada. Há mercado porque há uma subsidiação paralela se o voo não tiver a ocupação desejada. Há mercado por isso e porque existe o acordo da base das Lajes”, insistiu o deputado popular.

Segundo o Governo Regional, a vinda da Delta Air Lines para os Açores nada tem a ver com o acordo da base das Lajes e muito menos com eventuais compensações para redução do contingente norte-americano na ilha Terceira.

“Nunca, em reunião nenhuma, foi falada, colocada ou aventada a hipótese dos voos da Delta serem uma compensação pelo que quer que seja”, afirmou Vasco Cordeiro em plenário, acrescentando que a informação avançada pelo CDS “não é correta”.

Negando a acusação de que o executivo açoriano tem agido nesta questão das Lajes com secretismo, o presidente do Governo dos Açores referiu que “essa ideia não corresponde minimamente à verdade”.

“Eu, como Presidente do Governo, já pedi três vezes – e isso foi feito – para reunir com uma Comissão desta Assembleia especificamente sobre a questão da Base das Lajes”, recordou Vasco Cordeiro, adiantando ainda que, antes e depois das reuniões da Comissão Bilateral Permanente, contacta diretamente com os responsáveis partidários para dar conta dos desenvolvimentos deste processo.

Apesar disso, o deputado Paulo Estêvão, do PPM, referiu que “tudo indica” que terá havido uma “interferência do Governo dos Estados Unidos” neste processo e que os voos da Delta Air Lines para os Açores estejam relacionados com as eventuais “contrapartidas” pela redução da presença norte-americana na base das Lajes.

A companhia aérea anunciou que irá começar a operar, a partir de 25 de maio deste ano, durante cinco vezes por semana, entre o aeroporto JFK, em Nova Iorque, e o aeroporto de Ponta Delgada, nos Açores, com um Boeing 757/200, com capacidade para transportar 199 passageiros.

José San-Bento, deputado do PS, realçou, porém, que, independentemente da ilha para onde a Delta Air Lines irá operar, os voos para Ponta Delgada “vão beneficiar todas as ilhas” e “todos os açorianos”, e não apenas a ilha de São Miguel.

Também o socialista Francisco Coelho defendeu a necessidade dos partidos se focarem no essencial.

“Nestas matérias essenciais – em que se calhar é possível um largo consenso nesta Câmara e nos Açores, acerca do que são as opções fundamentais-, talvez seja mais importante focarmo-nos, naquilo que está mal e que é preciso mudar, do que perder tempo a lembrar que já está mal há muitos anos, que já passaram vários governos, de várias cores, com vários partidos, e continuou mal”, referiu.

Duarte Freitas, líder parlamentar do PSD, também entende que a operação aérea “é uma boa notícia para os Açores”, mas realçou que é importante, nesta fase, “melhorar também as acessibilidades à ilha Terceira”, como forma de compensar a saída da ilha dos militares dos Estados Unidos.

Já João Paulo Corvelo, deputado do PCP, considera ser necessário “ter coragem política” para exigir uma compensação efetiva pela redução da presença norte-americana nas Lajes e defende a elaboração de um estudo para avaliar os “usos alternativos daquelas infraestruturas”.

António Lima, do BE, criticou, por outro lado, o facto de a região estar comprometida com a futura construção, por parte dos norte-americanos, de um Centro de Segurança do Atlântico na base das Lajes, que no seu entender é “um processo ruinoso” que poderá “hipotecar” o futuro daquela infraestrutura.

 

 

 

 

Foto: JEdgardo Vieira

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