O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu na Assembleia da República que o Governo vai assumir a responsabilidade da descontaminação na ilha Terceira, caso os Estados Unidos da América (EUA) não o façam “em tempo devido”.
“As questões da contaminação/descontaminação estão a ser acompanhadas de forma a que nós tenhamos os meios para ou acompanhar as autoridades norte-americanas no trabalho da descontaminação da ilha Terceira ou na substituição das autoridades norte-americanas quando elas não procederem em tempo devido à descontaminação, ou nós próprios, por nossa iniciativa, procedermos às reanálises necessárias”; afirmou Santos Silva na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, analisando a última Comissão Bilateral Permanente.
O governante respondia à deputada do PS/Açores, Lara Martinho, que tinha reforçado a necessidade de todas as medidas de descontaminação serem identificadas e implementadas em tempo útil, do reforço da monitorização, e acompanhamento em tempo real da evolução dos locais contaminados e a garantia de rigor, seriedade e transparência no tratamento deste dossier, pedindo um esclarecimento sobre o papel do Estado neste processo.
A vice-presidente da bancada parlamentar socialista mostrou satisfação pelo compromisso manifestado pelo Estado português em acompanhar as autoridades norte-americanas no processo da descontaminação da Terceira.
“É urgente reforçar as ações de limpeza e descontaminação nas áreas e locais já claramente identificados como contaminados, é urgente desenvolver todas as ações necessárias em locais cujo padrão de contaminação ou não é totalmente conhecido, ou não é conclusivo, é urgente agir globalmente na totalidade dos sítios identificados como contaminados só assim se permitirá resolver, satisfatoriamente, a descontaminação na ilha Terceira”, reforçou ainda a parlamentar açoriana, reiterando que, “mais do que nunca é necessária transparência e um esclarecimento total e cabal sobre a real situação da ilha Terceira, temos de tomar medidas urgentes, para que se tente evitar uma destruição reputacional que dificilmente será reversível”.
Lara Martinho apontou o dedo ao PSD e ao deputado António Ventura como responsáveis de “anunciar aos sete ventos que há um povo a morrer na ilha Terceira”.
“O PSD, e em particular o Sr. deputado António Ventura, vai ficar com a responsabilidade de ter iniciado este alarmismo injustificado que levou a estas notícias falsas, que prejudicam gravemente a nossa ilha. Este injustificado alarmismo prejudica a Terceira e os dois sectores de atividade que alavancam o crescimento económico da nossa ilha: o turismo e a agricultura”, acusou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que a informação disponível relativamente às preocupações ambientais e de saúde na ilha Terceira, Açores, “não mostram nenhuma prevalência adicional na Praia da Vitória em comparação com outros pontos específicos” do arquipélago.
“Não temos nenhuma informação até agora que permita identificar um problema nesta área; as informações que temos são as que foram tornadas públicas pelo centro de oncologia dos Açores, que comparam séries de prevalência oncológica na localização da Praia da Vitória com outras nos Açores até 2011, e não mostram nenhuma prevalência adicional na Praia da Vitória em comparação com outros pontos do território açoriano”, disse Augusto Santos Silva.
“Ninguém diz que os problemas não existem, há solos que estão identificados uns estão tratados outros estão em tratamento, há solos que não sabemos ainda se tem ou não riscos potenciais e estamos a procurar saber, e estas questões ambientais e de saúde pública são suficientemente graves para exigir de nós atenção, seriedade e rigor”, salientou.
Mas insistiu que “o LNEC, que faz a monitorização da qualidade da água confirma que mais uma vez nas últimas analises que a qualidade da água que é abastecida a população da Praia da Vitória é boa, está conforme todas as normas de segurança”.
Foto: PS
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